sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Uma inglesa no Porto - 10º Capítulo


Lá voltei para a escola, com um sorriso nos lábios… O Sandro e o Isaac tinham almoçado lá e pelo que me tinham dito no dia anterior, passavam a hora de almoço, depois de comer, no campo a jogar basquete. Só para ver se sempre jogavam bem, fui ter com eles. Ao chegar lá ao campo, lá estavam os dois, a jogar como me tinham dito! De calções de desporto e uma blusa de manga cava, cada um. Não sei porque, já conhecia o Sandro de costas. Era o que tinha a blusa branca e os calções negros. O Isaac encontrava-se com uns calções brancos e uma blusa azul com o símbolo do Porto. Mal, me viram, pararam de jogar e chamaram-me:
- Kate! Então sempre nos vieste ver! – Certificou o Isaac.
- Sim, parece que sim! – Reforcei a ideia – Tinha curiosidade de ver se sempre jogavam bem!
- E o que achas, então? – Perguntou o Sandro, todo suado de estar a correr de um lado para o outro.
- Hum… - Fiz uma cara duvidosa e acabei por sorrir e continuei – Jogam muito bem!
Cada um sorriu, abeirou-se de mim e deu-me um beijo doce.
- Estão todos suados! Olhem para vocês, precisam de um banho! Só cheira a suor! – Queixei-me.
- Mas, tu gostas de nós à mesma! – Afirmou o Sandro, agarrando-se a mim, passando-me grande parte do seu suor.
- AHHHH! Larga-me! – Pedi-lhe ao tentar afastar-me do seu corpo.
- Gostas ou não? – Perguntou-me.
- Estás todo suado… - observei. Tentando resistir ao seu encanto. Tinha de me largar ou então ainda o acabava por beijar!
- Sim ou não? – Insistiu.
- Está bem! – Respondi. E então ele largou-me – Estava a pensar… Queres andar de patins esta tarde, depois das aulas?
- A seguir às aulas?! Miúda, acho que estamos a ir depressa de mais! Eu sei que sou giro, mas…
- Cala-te! – Ordenei-lhe na brincadeira, dando-lhe uma cotovelada pequenina na barriga – Queres ou não? – Voltei-lhe a perguntar.
- Pode ser! – Respondeu-me…
O dia estava muitíssimo quente, nós, os três estávamos encharcados em suor, as plantas estavam com sede e a rega automática ligou-se... Era o momento ideal para tomarmos o nosso, tão desejado duche. Ele puxou-me pela mão e fomos os três, tomar banho, vestidos, nos regadores automáticos da escola. Foi uma loucura! Estava mesmo fria! Fiquei toda molhada, como é óbvio, e a minha roupa também. A seguir, aquela louquice toda, pusemo-nos os três ao sol, a secar. Para ser sincera, mais parecíamos lagartos e rapidamente enxugámos. Se não enxugássemos, iria ser difícil entrar na sala, pois o professor da aula a seguir, não nos deixaria faze-lo, por estarmos molhados.
Depois, de nos secarmos, o Isaac e o Sandro, foram para o balneário de Educação Física, vestirem a sua roupa casual… Em seguida, deles se terem despachado, tocou e eu e o Sandro fomos ter filosofia, enquanto o Isaac foi ter Língua Portuguesa.
Quando entrámos na sala de aula, a lição já tinha começado e o professor já estava a marcar as faltas no livro de ponto. O professor era uma pessoa bastante perfeccionista, que fazia suspirar as alunas, pela sua beleza: olhos azuis-turquesa e cabelos louros. Tinha uma séria probabilidade de ser de ascendência polaca. Nem muito moreno, nem muito branco… Todas elas, o achavam perfeito. Eu cá, achava um grande exagero… Não podia negar que o homem era bonito! Mas, também não ia passar a aula toda a babar-me por ele!
- Chegaram atrasados! – Repreendeu-nos… Comecei com isto a não gostar do homem. Na primeira lição, fazia-nos, logo, uma repreensão destas?!
- Mas, o senhor ainda nem chegou ao nome da Kate! – Reclamou o Sandro.
- Chegaram atrasados! – Repetiu – Sentem-se!
Lá, me sentei ao lado da Matilde e o Sandro abancou-se na mesa à nossa frente:
- Não te esqueceste, pois não? – Murmurei à Matilde.
- Devo-vos lembrar que tenho fama, de ter um ouvido supersónico entre a comunidade estudantil. Já li as vossas fichas, que estão no vosso processo e devo-vos informar que já decorei as linhas e as entrelinhas. Senhora Caterine e senhor Sandro, não voltem a chegar atrasados! Não tolero atrasos, assim como faltas de respeito. Esqueçam as longas conversas que têm nas aulas, sobre coisas sem importância para a lição e que não contribuem para a minha felicidade. – Disse o professor e observando um colega meu que já se preparava para adormecer na aula, acrescentou – E quem adormecer na minha aula, vou considerar falta de respeito e marcar falta disciplinar e fazer participação. Entendeu, senhor Manuel? Cada estudante, só sairá da minha aula, quando eu verificar que toda a matéria foi passada para o caderno. Caso contrário, terá de ficar retido na sala, o tempo necessário, para acabar o trabalho, que não efectuou na aula e levar trabalhos para casa quadruplicados…Se não fizer os trabalhos de casa que eu ordenar, levarão um papel para o encarregado de educação assinar e estes serão convocados para uma reunião comigo, quer por carta, quer por telefonema… Estamos entendidos?
Toda a turma, engoliu em seco… com ele, não estávamos para brincadeiras, ou fazíamos aquilo que ele dizia ou estávamos tramados.
- ESTAMOS ENTENDIDOS? – Berrou em plenos pulmões.
- Sim, professor! – Dissemos, desmoralizados.
- MAIS ALTO! – Ordenou, gritando à mesma.
- SIM, PROFESSOR! – Vociferámos em coro!
- Muito bem, soldados… hum… alunos… - continuou o docente – Tenho uma missão para vocês!
- Missão?! Mas… estamos na escola – observou uma colega minha.
- Aqui está um exemplo de coisas sem importância para a aula e que não contribuem para a minha felicidade! Agora que tem um exemplo dado pela vossa colega, não podem dizer que não sabem que é CSIPA e N.C.P.M.F. Desejo-vos as maiores felicidades e APRENDAM NA MINHA AULA! Percebido? – Todos anuíram com a cabeça – NÃO ESTOU A OUVIR NADA!
- SIM, PROFESSOR!
E a partir dali, sem se ouvir nenhum barulho, sem ser a voz do professor, ficamos atentos (sem adormecer na aula). Para dar minha opinião, o homem não tinha jeito nenhum para dar aulas. Todas as vezes que alguém tinha duvidas, ele limitava-se a repetir a frase que tinha referido anteriormente… Parecia não perceber nada da matéria e que apenas tinha decorado um livro inteiro… Uma coisa posso afirmar: aquele não era um professor normal, era mais duro e não percebia nada da matéria…Pensei tudo, durante a aula. Seria? Não seria? Mas, mal tocou a campainha para a saída, deixei-me de invenções e enfiei as minhas coisas para dentro da mochila, para me despachar o mais depressa possível. Afinal, de contas tinha que pôr a Matilde, linda. Tentei fechar a mala o mais depressa possível, mas parti o fecho…
- RAIO DA MOCHILA! – Rosnei.
- Kate! Despacha-te! – Apressou-me a Matilde. Por isso, agarrei na mochila aberta, bastante chateada e arrastei-a comigo até à casa de banho.
- Veste-te. – Ordenei, furiosa. Ela olhou para mim, soltou um risinho e disse-me (como me ouve muitas vezes, dizer):
- “Mas, que trombas! O mais impressionante é que não és nenhum elefante!” – eu sorri e insisti, com um sorriso persistente nos lábios – Veste-te!
Ela mostrou os seus dentes colgate, que brilhavam como pérolas e foi mudar de vestes. Não demorou mais de dois minutos a trajar-se e apareceu ainda melhor do que na loja.
- Uau! – Exclamei. – Esqueceste-te de tirar os preços?
Ao ver a minha reclamação, ela pediu-me para tirar os preços e eu agarrei no meu corta-unhas, por ser a única coisa cortante que trazia comigo, e como um toque de mágica, os preços caíram no chão.
Em seguida, pus mãos à obra e tornei-a numa autêntica Miss Portugal. Tinham que admitir que tinha feito um trabalho fenomenal e que merecia no mínimo dos mínimos um cupão de desconto de um euro no Mac Donalds.
Quando, o Isaac, a viu ficou pasmado a olhar, como todos os rapazes que a tinham visto. Sinceramente, não gostei muito de ver o Sandro, a olhar para ela daquela maneira. Quanto aos outros, achei alguma graça de os ver a babar por ela, com as namoradas ao lado. Cheguei a ver uma rapariga a dar uma estalada e a repreender o namorado, por ele estar a olhar para Matilde.
Sem dúvida, o Isaac estava no seu paraíso, com ela divinal, a irem sair só os DOIS… Ele já tinha chamado um táxi, para não irem a pé, e ao abeirarem-no do transporte, como bom cavalheiro, o Isaac abriu-lhe a porta. Ela vibrou de emoção e fez-me um adeus discreto com a mão e eu imitei-a. Eu e o Sandro vimo-los abandonar a escola de táxi e encaminhamo-nos para minha casa…
- Tudo isto foi obra tua? – Perguntou-me o Sandro.
Eu fiz um sorriso maroto e respondi:
- Parece que sim!
- Sabes uma coisa? – Questionou-me.
- Não… - Ripostei.
- Não era só ela que estava gira… Tu também estás! – Oh! Tão querido! Pensei… Ele corou e baixou a cabeça, passou com a mão pelas costas e sorriu, com a boca fechada.
Eu quis-me agarrar a ele e unir os meus lábios aos dele. Sempre quisera… tinha sido difícil resistir, mas, agora já estava demasiado habituada a não o beijar. Aliás, não beijar ninguém, coisa rara em Inglaterra, porque todas as semanas tinha um namorado novo… Ele era diferente de todos os outros, ele era especial, era mais querido que os outros todos, era amoroso, respeitava-me, importava-se com todos os seus amigos, conseguia ser uma mistura explosiva de rapaz tímido com atrevido… Era o rapaz com que queria ficar o resto da minha vida. Disso não tinha duvidas… Ficamos calados a andar ao lado um do outro. Com o tempo, o silêncio tornou-se cortante. Por isso, decidi quebrá-lo.
- Então… Sabes andar de patins? – Interroguei.
- 2º Lugar no hóquei em patins distrital! – Gabou-se.
- E eu que pensava que te ia ensinar… - sorri.
- Tens jeito? – Perguntou-me.
- Não! Mas, gosto de andar neles à mesma! – Avisei – Até me podias ensinar a andar melhor!
- Vou pensar seriamente nisso! - Comprometeu-se. E ao avistar um café, continuou – Está calor, hoje… E qual um gelado? Eu pago!
- Pagas? – Perguntei perplexa.
- Obviamente! Afinal é o nosso primeiro encontro a dois! – Verificou.
- Realmente, pensando bem… - Era verdade. Nunca tinha pensado que aquilo fosse uma saída a dois como namorados. Ele puxou-me pela mão e entrámos no café. Vimos os gelados e pedimos os nossos favoritos… Infelizmente, como se encontravam esgotados, decidimos procurá-los noutro lugar.
- Quero-te apresentar a uma pessoa muito especial… - afirmou. E em seguida arrastou-me por algumas ruas do Porto e no final, parámos mesmo da taberna, onde eu e a minha família tínhamos arranjado confusão, quando chegámos ao Porto. “ É aqui!”, afirmou, apontando para a taberna. Que espécie de pesadelo é este? Pensei. Será que vai acabar? Mas não acabou…

1 comentário:

  1. voltou e foi brindado com uma imagem! :3
    pena teres cortado logo na melhor parte :C

    quero mais e rápido x)! percebeste? xD

    ResponderEliminar