quinta-feira, 2 de julho de 2009

Uma inglesa no Porto - 8º Capítulo

As aulas de apresentação são muito enfadonhas… Apesar, de não existirem testes, nessa altura, fico farta de ter de falar sempre sobre mim. Faça o que fizer, nunca deixarão de existir as perguntas habituais “Como te chamas?”, “Que idade tens?” “Já pertencias a esta escola?” “O que gostas de fazer?” (esta parte, acho realmente estranha, porque adoro andar de patins e isso, é completamente inútil para fazer nas aulas de Física e Química e de Biologia e Geologia, principalmente de laboratório, pois corremos o risco de quebrar algum tipo de materiais) “O que te aborrece fazer?” (mas, que pergunta! Estudar, obviamente! Lá por ter 150 de QI não quer dizer que estudar seja o meu passatempo preferido! Mas, é obvio que não vamos ser sinceros e optamos por mais soluções.), “Quais as pessoas que têm dificuldades nesta disciplina?” (esta tenho que admitir que é bastante útil e que ajuda aos professores a saber quais os alunos que devem tomar mais atenção.)
Esta era a minha primeira aula de inglês, lá fizemos a habitual apresentação e a seguir, lá sacamos dos livros e começamos a dar matéria. A professora desta vez era bastante alta e magra, tinha os olhos negros, como o ébano e os cabelos igualmente. Os lábios rubros como uma rosa e uma pele muito branca como a neve. Os meus colegas mal a viram a primeira vez, apelidaram-na, imediatamente de Branca de Neve. Pode-se saber bem porquê… Ao contrário dessa personagem, a professora tinha um grande mau feitio e não tolerava comportamentos infantis nas suas lições. Era bastante trabalhadora e exigente para com os alunos, o que era bom para nós, porque se éramos uma turma de QI elevado devíamos lucrar com isso, pois a nossa inteligência era mais aproveitada e íamos melhor preparados para a Universidade. Eu já ao tempo, que penso no que quererei ser quando tiver a minha própria vida, namorado, filhos, uma casa, um carro, até um cão… Estive bastante tempo à procura de uma profissão que me agrade, mas, no final cheguei a um acordo mental: quero ser médica de laboratório. Ao que parece ganham bastante bem e existe falta desse tipo de profissionais em Portugal. O que é, quase, uma garantia de não me faltar emprego… A área de saúde é a que nos proporciona mais oportunidades de emprego, foi a que me deu nos testes psicotécnicos e foi a em que me inscrevi. É isto que quero seguir, não tenho dúvidas! Vou ser eu a encontrar a cura para a SIDA, para a diabetes e para as hepatites, é a minha grande aspiração. Também, outra ambição minha é, conseguir ficar com o Sandro e termos a nossa casa, o nosso carro, os nossos filhos e por fim os nosso animal doméstico. Sim, uma casa! Com garagem e um jardim, para pormos a piscina de plástico para enchermos com água (claramente) para pormos as nossas crias a brincarem, enquanto, tomamos um refresco, de óculos de sol e perna cruzada, a vigiá-las, obviamente, num dia de Verão abrasador. O nosso carro… Um smart for four, para o estacionarmos em qualquer buraquinho, quando fossemos uma noite a Armação de Pêra passear nas férias… O meu cão? Um boxer, sem dúvida! Para se babar para cima de tudo e todos e ser um óptimo cão de guarda, que nos proteja, que mostre respeito pelo seu corpo forte e musculado e que assuste qualquer pessoa, mas que seja surpreendentemente dócil para connosco. Estava tão embrenhada na minha vida futura, que nem tomei atenção, aquilo que estávamos fazendo na aula.
Estava sentada na mesa numa posição completamente sonhadora, de cabeça inclinada para o meu lado direito, a olhar para o tecto, com um sorriso absolutamente deliciado. “Menina Kate, de que estávamos falando?” perguntou-me a professora em inglês. E visto que nem a ouvi, mesma repetiu aos berros e disse-me agora em português “Se eu a vejo mais alguma vez, nesses modos na minha aula, leva um recado para os paizinhos, como os meninos malcomportados do primeiro ciclo! Entendeu?” eu anui o mais rápido possível, mas desajeitadamente para ver que eu a tinha percebido. Bruxa! Pensei… Não é a Branca de Neve, é a madrasta que se disfarçou dela! Continuei, e esforcei-me para tentar esboçar um sorriso falso que se parecesse com um verdadeiro. “Bom, vamos a ver, vamos…” resmungou a professora. E continuou a dar a aula.
Tempo depois, no intervalo, a Matilde surpreendentemente, veio falar comigo, com um sorriso nos lábios.
- Kate! - Convocou – Vem cá! Preciso de falar contigo…
E eu aproximei-me… Ao ver que me aproximava ela, afastou-se das outras pessoas, para podermos falar em particular…
- O Isaac convidou-me para sair. Gostava que me dissesses o que deveria levar vestido ao encontro. Sabes, tu és muito amiga dele, pelo que entendi e deves saber os gostos dele…- continuou.
Eu fiz-lhe um sorriso maroto como quem diz “Com que então… Hem?” e ela fez-me uma cara de “Nem penses! Eu nem quero imaginar no que estás a pensar!”
- Com que então… - deixei escapar. E ela cruzou os braços numa posição de “não comeces.” Então, não comecei… - Tens dinheiro contigo? – Perguntei e ela anuiu.
- Recebi a mesada hoje… quarenta euros!
- Pois, na hora de almoço vais ter de ir às compras, numa loja gira que está aqui ao pé! Tem o que procuras e vê só a tua sorte que está em saldos! – Ela com a minha afirmação, torceu o nariz.
- Mas as minhas roupas não são giras? – Questionou-me olhando para o que tinha vestido.
- Não é disso que se trata! Para um encontro, precisas de dar uma novidade! Surpreender, estás a ver?
- A ver, não… mas, a imaginar! – Retorquiu. E quando lhe ia a dizer a frase da minha tia, apareceram o Sandro e o Isaac, todos satisfeitos da vida…
- Olá, meninas! – Saudou-nos o Sandro.
- Agora, não, rapazes! Agora estamos a falar de coisas de raparigas! – Travei-os – Depois, vamos ter convosco, quando acabarmos esta conversa! Obrigada! São uns amores! – Dei um beijo na bochecha do Sandro, e reencaminhei-os para a multidão.
- Uau! Que grande estilo para despachar pessoal! – Disse perplexa a Matilde.
- Agora, não é a minha capacidade de despachar pessoas que interessa! És tu! Depois, das aulas de tarde, eu ajudo-te a arranjares e na hora de almoço, vais comigo até à loja, ver o que se arranja para ti! – Proferi, apontando o meu dedo no seu peito – Bem, vamos falar então com eles, coitados. – Continuei com um sorriso maroto. Era verdade, no que se tratava a descartar pessoas, eu era das pessoas mais descaradas que já vira…
Fui buscar os rapazes de volta que pareciam chateados, com o nosso desprezo. O Sandro apresentava-se de braços cruzados e encosta à parede com umas “trombas” descomunais, o mais estranho é que nem sequer é um elefante e o Isaac falava com ele, em pé, erecto como um garfo, com uma cara igualmente parecida. Não pareciam chateados… Estavam profundamente chateados. Quando cheguei ao pé deles, cumprimentei-os e como vi que não os convencia a ir ter connosco, chamei a Matilde para o pé de nós. Esta abraçou-se mecanicamente ao Sandro, e eu senti uma pontinha de ciúmes. Então, agarrei-me ao Isaac. Estava o circo montado! Eu era uma ilusionista, fazia todos acreditarem que gostava do Isaac quando afinal, gostava do Sandro… A certa altura, estive mesmo para dizer porque é que não ia para o pé do Isaac, se era ele que ia sair com ela. E perguntei com o maior dos descaramentos.
- Estás a ocupá-lo! – Respondeu-me, igualmente atrevida. Naquele momento, reparei que estávamos com ciúmes de uma da outra. Então, trocamos as duas de pares e voltamos a sorrir satisfeitas. Os dois olharam um para o outro e fizeram um esforço tremendo para não se rirem. Se rissem, era o fim da macacada. Eu ia para um canto, para aprenderem a não se rirem enquanto, duas raparigas discutem sobre dois rapazes.
- O que é isso? – Perguntou-me o Sandro, apontando para os meus calções de ganga branca, acabados de estrear naquele dia.
- Calções… Está calor, lembras-te? – Repliquei.
-Tão curtos? – Implicou.
- E qual é o problema? – Impliquei igualmente.
- Isso não são calções são um cinto! – Resmungou.
- AH! Agora andas a tentar controlar o que visto? – Disse, largando-me dele e abrindo os braços para o mundo, para todos verem a quão desgraçada, sou… e depois continuei – Sabes como se diz calções em inglês? Shorts! Shorts significa calções e curto ao mesmo tempo, logo os calções são curtos!
- Bah! O inglês é enfadonho! – Ajudou na festa…
- Sabes uma coisa?! A nossa saída de aqui a três semanas está anulada, cancelada, desmarcada, inválida! – Comuniquei.
- Eu também, não queria ir! – Disse-me com desprezo.
- Óptimo! – Repliquei-lhe.
- Óptimo! – Retorquiu-me. E ambos viramos as costas um ao outro, mas continuámos a falar ambos com a Matilde e com o Isaac, como se nada tivesse acontecido.
- Se gostassem menos um bocadinho um do outro diria que daqui a uns anos estão casados! – Comentou o Isaac com um sorriso maroto nos lábios.
- CALA-TE! – Ordenámos provocados em uníssono. Em seguida, virei-me para a Matilde e disse-lhe:
- Não te esqueças do combinado! – E pisquei-lhe o olho.
- Não te preocupes, não esquecerei… - disse com um sorriso nos lábios.
- Não se esquece, do quê? – Questionou o Isaac
- Coisas de raparigas! – Respondeu a Matilde.
- Coisas de raparigas?! – Proferiu com má cara.
- Coisas de raparigas! – Assegurou a Matilde, firmemente.
- Vejam lá, o que fazem! – Avisou-nos preocupado.
- Não, há problema! Nós já somos grandinhas! Já sabemos apertar os ténis, sozinhas! – Reconfortei-o, dando-lhe um murro sem força no ombro esquerdo - Não vamos fazer nada de mal!
- Não, não vamos! Os meus pais quando souberem do que vamos fazer, vão degolar-me! – Ripostou a Matilde. E eu emiti um risinho de criança.
- Provavelmente! Mas, vai valer a pena! – Assegurei-lhe.

2 comentários:

  1. Pff , tem a mania que é esperta esta :O QI de 150 :O não exageras nada tu xD Mais eesperta que o Einstein não ? :O

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  2. Consigo reparar na tua certa tendência para o Hércules xD AHAHAH repara "(...) Nós já somos grandinhas! Já sabemos apertar os ténis, sozinhas! – Reconfortei-o, dando-lhe um murro sem força no ombro esquerdo(...)" AHAH a Meg diz isto e faz isso quando o Herc a vai salvar do Guardião do Rio ! :D *___* AHAH o teu namorado acabou de me dizer 'Boa Tarde' xD

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